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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

DZI CROQUETTES: As Internacionais............


Mais um canto de arte! Um achado para nosso tempo que colhe os frutos de um liberalismo alienado e não sabe quão difícil foi romper com as estruturas funestas e recrudescidas de outros tempos esquecidos: DZI CROQUETTES!

Documentário de Tatiana Issa e Raphael Alvarez, conta a história do grupo de 13 homens cheios de pêlos que subiam nos palcos vestidos de mulher dançando coreografias ritmadas. Encenando e cantando em vários idiomas e impressionando com piadas irreverentes, cheios de cores e purpurinas, impactando o Brasil dos anos 70 onde toda liberdade era caçada sob o horror do AI-5.

Foram palhacinhos, assim são contados no filme. Eles viveram a bossa nova, a boêmia, e motivados pela truculência tinham apenas uma chance: inventar sua própria magia, e assim fizeram, quebrando, arrasando e chocando a sociedade desde Lapa carioca até Paris. Somatório de diversos caminhos e talentos a dança de Lennie Dale cadencia os shows e a família que eles formaram. Com o escracho, a música, as cores e suas performances eles construíram uma referência gay e artística inovando a atuação nos palcos e conquistando sucesso internacional na contramão da cultura.

Quem hoje é tiete de algum artista, gosta de besteirol (teatro, TV, etc.) ou tem em seu vocabulário gírias do mundo da arte certamente repete um caminho já trilhado pelos Dzi Croquettes. O filme é contado a partir dos olhos de uma criança, a filha do cenógrafo Américo Issa, que conviveu com o grupo enquanto seu pai trabalhava.

Quase sem orçamento ela colheu depoimentos de vários artistas e amigos que conviveram com eles e os tem como fonte: Miele, Betty Faria, Miquel Falabela, Nei Matogrosso, Marília Pêra, Liza Minnelli, Elke Maravilha e muitos outros que contam desde o início como foi conhecê-los, tietá-los e trabalhar com os Dzi. Além deles os cinco ainda vivos Ciro Barcelos, Benedicto Lacerda, Claúdio Tovar, Bayard Tonelli e Reginaldo de Poly contam como foi a trajetória do grupo, as brigas, as Dzi Croquettas (embrião das Frenéticas), a AIDS que ceifou alguns deles, o sucesso, dinheiro e o fim de grupo que fez história nos palcos e deles quase não se falam. Um bom filme para quem gosta de arte e de como ela foi feita atrás das coxias.

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